Imagem produzida por Nicephore Niépce, em 1826, a partir de uma câmera, sendo preciso cerca de 8 horas de exposição à luz solar para a sua captura.
Capturar momentos especiais sempre foi uma das fixações da humanidade. Desde os mais antigos registros, é possível perceber que o homem buscava entender e manipular imagens. Hoje, com câmeras diariamente ao alcance de nossas mãos, esse registro ficou muito mais prático, rápido e acessível. Mas, como surgiu a fotografia?
Já em tempos remotos, conhecia-se a ação da luz sobre certas circunstâncias, mas somente no séc. XVII iniciaram-se os primeiros estudos sobre as possibilidades de se trabalhar a luz. Em 1777, o suéco Carls Wilhelm Scheele observou que mediante a ação da luz, o cloreto de prata tornava-se escuro. Em 1780, o francês Jacques Charles, utilizando-se de papel embebido em sais de prata e com o auxílio da luz solar, conseguiu obter a silhueta de alguns objetos. Em 1822, o francês Nicephore Niépce verificou que o Betume da Judéia se comportava como substância impressionável pois, quando exposto ao sol, perdia solubilidade em certos solventes aromáticos, processo pelo qual deu origem a primeira fotografia, em 1826.
Ao mesmo tempo e, independentemente, o pintor Louis Jacques Mandé Daguerre fazia experiências no mesmo sentido. Niépce e Daguerre firmaram uma sociedade, e o trabalho conjunto de ambos resultou, em 1837, no que se chamou de daguerreótipo que, por muitos anos, foi o único processo de fotografia. O daguerreótipo se baseava na ação do vapor de iodo sobre uma placa de prata sensibilizadora que, após vários minutos de exposição sob luz forte, permitia que uma imagem fosse revelada e então fixada com hipossulfito de sódio.
Os primórdios da fotografia podem parecer distantes para nós brasileiros, mas não é bem assim. O historiador Boris Kossoy, da Universidade de São Paulo (USP), em seu livro “1833: A descoberta isolada da fotografia no Brasil”, conta como a fotografia pode ter sido inventada por Antoine Hercule Florence, um francês que viveu por muitos anos no Brasil. Sua pesquisa – que incluiu até experimentos com urina – se baseava numa chapa de vidro, tratada quimicamente, que capturava a imagem e depois a transferia para o papel.
A invenção do daguerreótipo deu início a história da fotografia comercial, por ser a primeira tecnologia de registro a ser comercializada em grande escala. Mas era uma tecnologia muito cara, sendo mais barato encomendar que um artista pintasse a sua imagem do que adquirir o aparelho ou contratar um fotógrafo, além de ser um equipamento frágil e de difícil conservação.
Em seguida vieram as invenções do inglês Frederick Scott Archer, que melhoraram a resolução das imagens e barateou o processo fotográfico; do francês Félix Nadar, primeiro proprietário de um estúdio fotográfico; do britânico James Clerk Maxwell, responsável pela captura da primeira fotografia colorida em 1861; e do britânico Richard Leach Maddox, que inovou a forma de captura a partir de gelatina fotográfica nas chapas, simplificando a revelação das fotos e o acesso aos negativos.
Figura : Primeira fotografia colorida capturada, em 1861, por James Clerk Maswell
Até que em 1888, o americano George Eastman funda a Eastman Kodak Company. Eastman dedicou-se aos estudos com a intenção de simplificar a fotografia, o que resultou numa câmera que podia ser transportada facilmente. Com o marketing de que todos poderiam tirar suas fotos, a Kodak, então, dá as bases para a fotografia acessível a todos.
Até a fotografia ser reconhecida como arte foi um longo percurso. A classe artística se mostrava resistente por questionarem como um processo físico-químico, que independia de habilidades com as mãos, poderia ser considerado arte? A oposição foi tão grande que deu espaço para o “Impressionismo”, movimento que dispensava o preceito de representação da realidade pregado há anos pela academia.
Já no séc. XX, a imprensa mundial se utilizou da fotografia como um dos principais instrumentos comunicacionais, fazendo do fotojornalismo uma nova ferramenta que atesta e reforça a veracidade das informações veiculadas, baseando-se na premissa de que a imagem é o puro registro da realidade, sem qualquer interferência.
Foi em 1957 que se inicia a era digital da fotografia, quando Russel Kirsch produz a primeira imagem em um computador. Só mais tarde, em 1975, a Kodak lança o que se considera ser a primeira câmera fotográfica digital. Pouco depois, em 1981, a Sony apresenta para o mercado o modelo Mavica, com capacidade de armazenamento de até 50 fotos, custando US$ 12 mil. Na sequência, em 1988, a Sony anuncia as novas versões da Mavica a preços mais acessíveis, a Mavica C1 custando US$ 230 e a A10 Sound Mavica a US$ 350.
Figura: Primeira câmera fotográfica sigital pesava cerca de 4Kg, produzia imagens em preto e branco e armazenava em uma fita cassete.
Em 1990 se iniciou a popularização da câmera fotográfica digital, período em que os preços se tornaram mais acessíveis. Foi dada a largada para a corrida entre as empresas que precisavam inovar, investindo em pesquisas para melhorar a resolução e a capacidade de armazenamento dos seus equipamentos.
Hoje em dia é praticamente impossível de imaginar um celular sem uma câmera, mas foi somente no ano 2000 que a Sharp lançou o primeiro modelo comercial de celular com câmera, o J-SH04. Desde então as tecnologias evoluíram muito, passando de sensores que sequer tinham 1 megapixel de resolução, para sensores duplos com recursos profissionais. Os celulares então foram sendo aprimorados, aumentando os megapixels de seus sensores, foco a laser, estabilização ótica, lentes com abertura variável, dentre tantos outros implementos.
E as inovações não param. As 3 grandes forças que impulsionaram a fotografia: a arte, a curiosidade científica e a esperança de lucros, movimentam até hoje a indústria, que a cada dia vai revolucionando a fotografia, tanto no seu processo de captura quanto na nossa forma de consumi-la.